BIOGRAFIA DA MÃE FELISBERTA SAMAKUVA


Felisberta Chimela Samakuva é filha de Henrique Ngola Samakuva e de Rosilha Ani Ulundo, nasceu aos 3 de Junho de 1941, no então Centro Evangélico da Chiúca, em Catabola. Seu pai encontrava-se, então, colocado nesse Centro Evangélico como professor.
Tendo este deixado a vida de professor e ter encontrado emprego no Estado, indo por isso viver na então cidade de Silva Porto, a então menina Felizberta fez os seus primeiros estudos no que é hoje cidade do Kuito. Continuou os mesmos estudos nas Missão Evangélicas de Camundongo e posteriormente na Chissamba, pois anos depois seu pai aceitara o convite de de ir fazer o curso teológico e voltar a trabalhar para a Igreja para aí servir, posteriormente, como pastor evangélico.
Terminados os seus estudos primários, em 1955 a Felizberta Chimela seguiu, como era de costume de então, para a Escola Means do Dôndi, situada a uns poucos quilómetros a norte da Bela Vista, actual Kachiungo. Aí completou os quatro anos que eram exigidos nessa prestigiosa Escola de formação integral que, na realidade, formava meninas académica e profissionalmente.
Regressada à Missão Evangélica da Chissamba, trabalhou como professora do ensino primário mas pouco tempo depois, decidiu continuar os seus estudos, concluindo, dois anos depois, o primeiro ciclo do Ensino Liceal.
Em 1959, a então senhorita Felizberta Chimela, voltou ao ensino como professora mas por pouco tempo, pois o seu marido com quem contraíra casamento, fora convocado para o Serviço Militar, pelo que teve que indo residir, ao pé dele, na então cidade de Nova Lisboa, agora Huambo.
Em 1974, quando se deu o golpe que terminou com a ditadura em Portugal, Felizberta Chimela vivia no Cuima, Munícipio da Caála, onde seu marido era Administrador de Posto e foi daí que ela partiu para se juntar ao seu marido, então oficial das FALA, no que era, para a UNITA, a região Militar 89. Começou, assim, uma caminhada que lhe valeu muitas peripécias. 
De facto, em 1979, a mamã Felizberta Chimela viveu uma dessas peripécias. Foi capturada pelas FAPLAs, nas redondezas da comuna do Muinha, município da Camakupa, quando a coluna militar em que viajava com destino ao sul do País, onde se encontrava destacado, como comandante militar, seu marido. A sua filha de 4 anos com que viajava foi dada por desaparecida depois do ataque tendo sido encontrada por militares das FALA, ainda escondida no milheiro, apenas dois dias depois.
Levada para Camacupa, primeiro e Huambo, mais tarde, Felizberta Chimela aí residiu, acolhida por uma das suas irmãs mais novas. Durante a sua estadia no Huambo, prestou serviços à Igreja Congregacional no Huambo, onde granjeou muita simpatia e amizade.
Ao longo desses três anos de estadia no Huambo, continuou com a sua vontade de resistir ás políticas monopartidárias e estabeleceu contacto com as redes clandestinas da UNITA, tendo conseguido assim ser “pescada” de novo para as zonas sob o controlo da UNITA. Foi enviada à Jamba, onde se juntou ao seu marido em 1972. 
Em 1994, já durante o conflito pós-eleitoral, Felizberta Chimela deixou a Jamba para o Bailundo onde viveu até o reacender da guerra em 1999. Terminada esta fase, em 2002, passou a viver ora em Luanda, onde tinha seus familiares próximos, incluindo seus filhos, ora no Bié, pelas mesmas razões.
Mulher devota e patriota, autodidacta, conhecedora dos seus familiares, Felizberta Chimela era uma lutadora. Não se deixava vencer nem desanimar facilmente. No seio da família era conhecida pelo nome de Mãe Grande.
Perdeu seu marido há já quatro anos e deixa dois filhos e três netos. 
Há pouco menos de três semanas, começou a ter problemas de garganta e, nos exames que fez com médicos locais que sugeriram mandá-la para o exterior do País, veio a descobrir-se, já em Windhoek que se tratava de um tumor maligno já em situação irreversível.
Faleceu no Domingo, dia 7 de Maio, em Windhoek
Paz à sua alma.
Luanda, aos 9 d Maio de 2017.-

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